Associações entre gênero, classe e raça e participação nas aulas de Educação Física

Autores

  • Mariana Zuaneti Martins Universidade Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação Física, Vitória, Espírito Santo, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0926-7302
  • Vitor Lacerda Vasquez Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências Humanas e Letras, Teresina, Piauí, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8334-3548
  • Maria Paula Louzada Mion Universidade Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação Física, Vitória, Espírito Santo, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8501-4465

DOI:

https://doi.org/10.12820/rbafs.27e0285

Palavras-chave:

Educação física escolar, Interseccionalidade, Desigualdade

Resumo

A participação nas aulas de Educação Física (EF) está associada à integração das pessoas às atividades física mesmo fora da escola. O objetivo deste artigo foi descrever e analisar as associações entre relações de gênero, classe e raça na participação nas aulas de EF no Brasil. Para tanto, utilizamos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2015 e 2019, abrangendo um total de 272.520 estudantes entrevistados em 4.670 escolas. Por meio de boxplots, apontamos que meninas, negros/as e alunos de escolas públicas têm tempos semanais menores de atividade física na EF (TAEF) do que seus pares e que os valores de TAEF observados em 2019 são, em geral, inferiores aos de 2015. A comparação entre as duas pesquisas deu um caráter longitudinal a esta etapa do estudo. Esses resultados foram ratificados por meio de regressões lineares multivariadas, destacando que as relações de gênero tendem a produzir menores valores de TAEF para as meninas em comparação aos meninos, inclusive fixando os efeitos da regressão por escola. Neste caso, como não diferenciamos o ano de realização da PeNSE, a análise foi essencialmente transversal. Nossos resultados apontam que as desigualdades de participação nas aulas de EF reforçam o cenário observado fora da escola, não contribuindo para que a disciplina cumpra seu papel de integrar os/as jovens ao mundo da cultura corporal de movimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Soares CAM, Hallal P. Interdependência entre a participação em aulas de Educação Física e níveis de atividade física de jovens brasileiros: estudo ecológico. Rev Bras Ativ Fis Saúde. 2015;20(6):588–97.

González FJ, Fensterseifer PE. Entre o “não mais” e o “ainda não”: pensando saídas do não-lugar da EF escolar I. Cad formação RBCE. 2009;1(1).

IBGE C de P e IS. Pesquisa nacional de saúde do escolar : análise de indicadores comparáveis dos escolares do 9o ano do ensino fundamental municípios das capitais : 2009/2019. Rio de Janeiro: IBGE; 2022. p.193. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/downloads-estatisticas.html?caminho=pense/2015/microdados/ e https://www.ibge.gov.br/estatisticas/downloads-estatisticas.html?caminho=pense/2019/microdados/ . Acessados em 25 de nov. 2021.

Sousa ES, Altmann H. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cad CEDES. 1999;19(48):52–68.

Jaco JF, Altmann H. Significados e expectativas de gênero: olhares sobre a participação nas aulas de educação física. Educ em foco. 2017;155–81.

Uchoga LAR, Altmann H. Educação física escolar e relações de gênero: diferentes modos de participar e arriscar‐se nos conteúdos de aula. Rev Bras de Ciênc Esporte. 2016;38(2):163–70.

Dornelles PG, Fraga AB. Aula mista versus aula separada? Uma questão de gênero recorrente na educação física escolar. Rev Bras Docência, Ensino e Pesquisa em Educação Física. 2009;1(1):141–56.

Condessa LA, Chaves OC, Silva FM, Malta DC, Caiaffa WT. Sociocultural factors related to the physical activity in boys and girls. Rev saúde pública. 2019;53:25.

Ferreira RW, Varela AR, Monteiro LZ, Häfele CA, Santos SJ, Wendt A, et al. Desigualdades sociodemográficas na prática de atividade física de lazer e deslocamento ativo para a escola em adolescentes: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2009, 2012 e 2015). Cad Saúde Pública 2018;34(4).

Haddad MR, Sarti FM. Sociodemographic determinants of health behaviors among Brazilian adolescents: Trends in physical activity and food consumption, 2009–2015. Appetite. 2020;144:104454.

Hallal PC. Physical activity and health in Brazil: research, surveillance and policies. Cad Saúde Pública. 2014;30(12):2487–9.

Hallal PC, Knuth AG, Cruz DKA, Mendes MI, Malta DC. Prática de atividade física em adolescentes brasileiros. Ciênc & Saúde Coletiva. 2010;15:3035–42.

Meyer DE. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Rev Bras Enferm. 2004;57(1):13–8.

Collins PH, Bilge S. Interseccionalidade. Boitempo Editorial; 2021.

Azzarito L, Solomon MA. A reconceptualization of physical education: The intersection of gender/race/social class. Sport, Education and Society. 2005;10(1):25–47.

Bruening JE. Gender and racial analysis in sport: Are all the women White and all the Blacks men? Quest. 2005;57(3):330–49.

Smith YR. Women of color in society and sport. Quest. 1992;44(2):228–50.

Thorne B. Gender play Girls and boys in school. New Brunswick: Rutgers University Press; 1993.

Costa NL. A implementação de cotas raciais na prefeitura de São Paulo: análises sobre os procedimentos de comissões de heteroidentificação [Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais]. [São Bernardo do Campo]: Universidade Federal do ABC; 2019.

Silva GM, Leão LTS. O paradoxo da mistura. Identidades, desigualdades e percepção de discriminação entre brasileiros pardos. Rev Bras Ciênc Sociais. 2012;27(80):117–33.

Kropko J, Kubinec R. Interpretation and identification of within-unit and cross-sectional variation in panel data models. Al-Ameri T, editor. PLoS ONE. 2020 Apr 21;15(4):e0231349.

So MR, Martins MZ, Betti M. As relações das meninas com os saberes das lutas nas aulas de Educação Física. Motrivivência. 2018;30(56):29–48.

So MR, Zuaneti Martins M, Santos Rodrigues G, Prodócimo E, Zuardi Ushinohama T, Betti M. Gosto, importância e participação de meninas e meninos na educação física no ensino médio. Educ fís cienc. 2021;23(1):e158.

Oliveira RC de, Daolio J. Na ‘periferia’ da quadra: educação física, cultura e sociabilidade na escola. Pro-Posições. 2014 Aug;25(2):237–54.

Farias Júnior JC de, Lopes A da S, Mota J, Hallal PC. Prática de atividade física e fatores associados em adolescentes no Nordeste do Brasil. Rev de Saúde Pública. 2012;46:505–15.

Hallal PC, Andersen LB, Bull FC, Guthold R, Haskell W, Ekelund U, et al. Global physical activity levels: surveillance progress, pitfalls, and prospects. The lancet. 2012;380(9838):247–57.

Rosa IB da L. Estratégias didático-metodológicas para a adesão das jovens emninas aos esportes coletivos no Ensino Médio [Dissertação]. [Vitória]: Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo; 2020.

Reis AAC dos, Malta DC, Furtado LAC. Desafios para as políticas públicas voltadas à adolescência e juventude a partir da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Ciênc saúde coletiva. 2018;23(9):2879–90.

Araujo ABC, Devide FP. “Gênero” e “sexualidade” na formação em Educação Física: uma análise dos cursos de licenciatura das Instituições de Ensino Superior Públicas do Rio de Janeiro. Arq Movimento. 2019;15(1):25–41.

Downloads

Publicado

2023-02-01

Como Citar

1.
Martins MZ, Vasquez VL, Mion MPL. Associações entre gênero, classe e raça e participação nas aulas de Educação Física. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde [Internet]. 1º de fevereiro de 2023 [citado 28º de março de 2024];27:1-8. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/14986

Edição

Seção

Artigos Originais