Práticas corporais e atividades físicas: no SUS, a ordem dos fatores altera o produto?
DOI:
https://doi.org/10.12820/rbafs.30e0400Palavras-chave:
Promoção da saúde, Exercícios físicos, Política de Saúde, TerminologiaResumo
Introdução: No Brasil, principalmente nas políticas, programas e ações do Sistema Único de Saúde (SUS) que relacionam o movimento corporal humano à saúde, há um debate sobre as aproximações e distanciamentos entre os termos / conceitos “práticas corporais” e “atividades físicas”. Objetivo: Refletir sobre as referidas aproximações e distanciamentos, já que tais práticas são ações estratégicas de promoção da saúde e cuidado integral no SUS, o que foi feito em um ensaio que apresentou alguns conceitos e em seguida foram debatidas possíveis sinergias e complementaridade. Desenvolvimento: Esta reflexão vincula-se ao campo da Saúde Coletiva, notadamente o subcampo de Política, Planejamento e Gestão, ao buscar compreender como este debate conceitual e terminológico reverbera nas ações cotidianas no sistema de saúde brasileiro. Ambos os conceitos, “práticas corporais”, “atividades físicas”, passaram por mudanças considerando a temporalidade entre os conceitos seminais e suas releituras, ao entrarem em contato com outros referenciais, ao serem questionados e criticados. No contexto nacional o debate conceitual resultou no emprego de um termo distinto - práticas corporais, enquanto no internacional as mudanças propostas mantiveram a denominação inicial - atividade física. Considerações finais: Independente do termo usado, nas políticas, programas e ações do SUS ele precisa significar um catalisador de diferentes dimensões da relação entre o movimento corporal humano e a saúde a partir da integração entre a perspectiva biológica, social, cultural e econômica com vistas a subsidiar ações com a finalidade de reduzir as iniquidades e ampliar o acesso a prática para a população brasileira.
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