Atividade física insuficiente e consumo de alimentos ultraprocessados em adultos brasileiros

Autores

  • Ana Maria Pita Ruiz Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Saúde Coletiva, Campinas, São Paulo, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9020-8600
  • Daniela de Assumpção Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Gerontologia, Campinas, São Paulo, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1813-996X
  • Paula Mayara Matos Fialho Heinrich-Heine University, Duesseldorf, Germany. https://orcid.org/0000-0003-3988-7350
  • Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Saúde Coletiva, Campinas, São Paulo, Brasil. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Gerontologia, Campinas, São Paulo, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7361-9961

DOI:

https://doi.org/10.12820/rbafs.29e0348

Palavras-chave:

Atividade física, Consumo alimentar, Alimentos ultraprocessados, Fatores de risco, Sistema de vigilância por inquérito telefônico

Resumo

Estimar a prevalência de simultaneidade de atividade física insuficiente (AFI) e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados (AUP), bem como verificar a associação entre AFI e hábitos alimentares (alimentos in natura/minimamente processados, ultraprocessados e marcadores de consumo alimentar) em adultos brasileiros. Estudo transversal com dados do inquérito telefônico Vigitel 2018. Foram estudados 51.064 adultos (≥20 anos). AFI abarcou três domínios: lazer, deslocamento, trabalho (<150 minutos/semana). Calcularam-se os escores de alimentos in natura/minimamente processados e AUP (número de subgrupos referidos/dia anterior); ≥5 AUP: consumo excessivo. Foram utilizadas questões sobre a frequência semanal e diária de consumo alimentar. Estimaram-se razões de prevalência (RP) com regressão de Poisson. A simultaneidade de AFI e consumo de AUP foi de 7,0% (IC 95%: 6,50 - 7,55), maior nas mulheres (RP = 1,26; IC 95%: 1,08 - 1,47), nos residentes do Sudeste (RP = 1,23; IC 95%: 1,00 - 1,51) e Sul (RP = 1,50; IC 95%: 1,22 - 1,84), e foi menor nos indivíduos com idade ≥40 anos (40-49: RP = 0,71; IC 95%: 0,56 - 0,88; 50 - 59: RP = 0,46; IC 95%: 0,36 - 0,58; ≥60: RP = 0,45; IC 95%: 0,36 - 0,56) e com plano de saúde (RP = 0,84; IC 95%: 0,72 - 0,99). A AFI associou-se ao menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados e ao maior consumo de AUP. Observou-se menor consumo regular (≥5 dias/semana) de hortaliças cruas (RP = 0,82; IC 95%: 0,78 - 0,85), cozidas (RP = 0,88; IC 95%: 0,84 - 0,92), frutas (RP = 0,78; IC 95%: 0,75 - 0,82), suco (RP = 0,93; IC 95%: 0,89 - 0,97), e maior de refrigerante (≥3 dias/semana: RP = 1,17; IC 95%: 1,11 - 1,23) entre os indivíduos com AFI. Estes também apresentaram menor consumo de hortaliças cruas (2 vezes/dia: RP = 0,93; IC 95%: 0,88 - 0,98), frutas (2 vezes/dia: RP = 0,89; IC 95%: 0,85 - 0,94; ≥3 vezes/dia: RP = 0,84; IC 95%: 0,79 - 0,89) e suco (≥2 copos/dia: RP = 0,93; IC 95%: 0,89 - 0,98). Identificou-se associação entre AFI e hábitos alimentares inadequados, os subgrupos mais acometidos por ambos os comportamentos de risco, que devem ser priorizados em estratégias de promoção da saúde e prevenção de agravos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization (WHO). Global Action Plan for the Prevention and Control of NCDs 2013-2020. Geneva: World Health Organization; 2013. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241506236 [2023 Fev].

Malta DC, Felisbino-Mendes MS, Machado IE, Passos VMA, Abreu DMX, Ishitani LH, et al. Fatores de risco relacionados à carga global de doença do Brasil e Unidades Federadas, 2015. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(Suppl 1):217-32. doi: https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050018. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050018

World Health Organization (WHO). Global status report on physical activity 2022. Geneva: World Health Organization; 2022. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240059153 [2023 Fev].

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde 2019: Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. 113p.

Rodrigues PAF, Melo MP, Assis MR, Palma A. Condições socioeconômicas e prática de atividades físicas em adultos e idosos: uma revisão sistemática. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2017;22(3):217-32. doi: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.22n3p217-232. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.22n3p217-232

Rodrigues RM, Souza AM, Bezerra IN, Pereira RA, Yokoo EM, Sichieri R. Evolução dos alimentos mais consumidos no Brasil entre 2008-2009 e 2017-2018. Rev Saude Publica. 2021;55(Suppl 1):4s. doi: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003406. DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003406

Nilson EAF, Ferrari G, Louzada MLC, Levy RB, Monteiro CA, Rezende LFM. Premature Deaths Attributable to the Consumption of Ultraprocessed Foods in Brazil. Am J Prev Med. 2023;64(1):129-36. doi: https://doi.org/10.1016/j.amepre.2022.08.013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.amepre.2022.08.013

Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada MLC, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019;22(5):936-41. doi: https://doi.org/10.1017/S1368980018003762. DOI: https://doi.org/10.1017/S1368980018003762

Francisco PMSB, Assumpção D, Borim FSA, Senicato C, Malta DC. Prevalência e coocorrência de fatores de risco modificáveis em adultos e idosos. Rev Saude Publica. 2019;53:86. doi: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053001142. DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053001142

Medeiros PA, Cembranel F, Figueiró TH, Souza BB, Antes DL, Silva DAS, et al. Prevalência e simultaneidade de fatores de risco cardiovasculares em idosos participantes de um estudo de base populacional no sul do Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2019;22:E190064. doi: https://doi.org/10.1590/1980-549720190064. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-549720190064

Cacau LT, Marcadenti A, Bersch-Ferreira AC, Weber B, Almeida JCd, Rodrigues CCR, et al. The AHA Recommendations for a Healthy Diet and Ultra-Processed Foods: Building a New Diet Quality Index. Front Nutr. 2022;9:804121. doi: https://doi.org/10.3389/fnut.2022.804121. DOI: https://doi.org/10.3389/fnut.2022.804121

Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Canesqui AM, Barros MBA. Diferenças entre homens e mulheres na qualidade da dieta: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo. Ciênc Saúde Colet. 2017;22(2):347-58. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232017222.16962015. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232017222.16962015

Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Barros MBA. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2014;30(8):1680-94. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00009113. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00009113

Monteiro LZ, Varela AR, Lira BA, Contiero LC, Carneiro MLA, Souza P et al. Weight status, physical activity and eating habits of young adults in Midwest Brazil. Public Health Nutr. 2019;22(14):2609-16. doi: https://doi.org/10.1017/S1368980019000995. DOI: https://doi.org/10.1017/S1368980019000995

Gomes CS, Silveira EA, Velasquez-Melendez G. Neighborhood environment is associated with unhealthy food intake in a Brazilian urban area. Appetite. 2022;172: 105972. doi: https://doi.org/10.1016/j.appet.2022.105972. DOI: https://doi.org/10.1016/j.appet.2022.105972

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 132p. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742017000400003

World Health Organization (WHO). Adolescent health. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1. [2024 Jun].

Costa CS, Faria FR, Gabe KT, Sattamini IF, Khandpur N, Leite FHM, et al. Escore Nova de consumo de alimentos ultraprocessados: descrição e avaliação de desempenho no Brasil. Rev Saude Publica. 2021;55:13. doi: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003588. DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003588

Brasil. Ministério da Saúde. Orientações para coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: norma técnica do sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. 76 p. Disponível em:

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf. [2024 Jun].

Malta DC, Szwarcwald CL, Barros MBA, Gomes CS, Machado IE, Souza Júnior PRB, et al. A pandemia da COVID-19 e as mudanças no estilo de vida dos brasileiros adultos: um estudo transversal, 2020. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(4):e2020407. doi: http://dx.doi.org/10.1590/s1679-49742020000400026. DOI: https://doi.org/10.1590/s1679-49742020000400026

Rauber F, Steele EM, Louzada MLdC, Millett C, Monteiro CA, Levy RB. Ultraprocessed food consumption and indicators of obesity in the United Kingdom population (2008-2016). PLos One. 2020;15(5):e0232676. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0232676. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0232676

Guthold R, Stevens GA, Riley LM, Bull FC. Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1·9 million participants. Lancet Glob Health. 2018;6:e1077-86. doi: https://doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30357-7. DOI: https://doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30357-7

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2006-2020: prática de atividade física. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de prática de atividade física nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 68 p. 24. Ide PH, Martins MSAS, Segri NJ. Tendência dos diferentes domínios da atividade física em adultos brasileiros: dados do Vigitel de 2006-2016. Cad Saúde Pública. 2020;36(8):e00142919. doi: https://doi.org/ https://doi.org/10.1590/0102-311X00142919. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00142919

Costa CS, Sattamini IF, Steele EM, Louzada MLC, Claro RM, Monteiro CA. Consumo de alimentos ultraprocessados e associação com fatores sociodemográficos na população adulta das 27 capitais brasileiras (2019). Rev Saude Publica. 2021;55:47. doi: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055002833. DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055002833

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. 118p.

Malta DC, Silva AG, Gomes CS, Stopa SR, Oliveira MM, Sardinha LMV, et al. Monitoramento das metas dos planos de enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013 e 2019. Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(nspe1):e2021364. doi: https://doi.org/10.1590/SS2237-9622202200008.especial. DOI: https://doi.org/10.1590/ss2237-9622202200008.especial

Malta DC, Silva AG, Teixeira RA, Machado IE, Coelho MRS, Hartz ZMA. Avaliação do alcance das metas do plano de enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, 2011-2022. Anais do IHMT. 2019;9-6. doi: https://doi.org/10.25761/anaisihmt.316. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742011000400002

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Academia da Saúde: caderno técnico de apoio a implantação e implementação. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 220 p.

Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: MS; 2006. 210 p.

Publicado

2024-08-13

Como Citar

1.
Ruiz AMP, Assumpção D de, Fialho PMM, Francisco PMSB. Atividade física insuficiente e consumo de alimentos ultraprocessados em adultos brasileiros. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde [Internet]. 13º de agosto de 2024 [citado 21º de dezembro de 2024];29:1-10. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/15248

Edição

Seção

Artigos Originais